15/08/2008

A teologia da nudez



O mundo evangélico hoje parece um grande shopping center espiritual, onde há
ofertas espirituais para atender a todos os tipos de gostos, por mais santos,
estranhos ou profanos que sejam.
Durante o ministério dos 12 apóstolos de Jesus e do apóstolo Paulo, não havia
shopping centers em nome da Bíblia. Se você fosse sadomasoquista, nudista ou
homossexual, você teria a opção de entregar sua vida a Jesus e ser transformado.
Se você se divorciasse e recasasse, você automaticamente perderia toda chance de
ocupar cargos na igreja. Em todos esses casos e várias outras categorias, você
seria bem-vindo no banco da igreja para ouvir a Palavra. Dirigir igreja, nem
pensar, enquanto não houvesse arrependimento e abandono genuíno do pecado.
Hoje, tudo mudou — ou imundou! Os sadomasoquistas ainda não têm uma igreja
evangélica para seu tipo de vida, mas os homossexuais não precisam tolerar
igrejas onde os pastores pregam o verdadeiro Evangelho da Bíblia — que condena o
pecado, porém mostra o amor de Jesus pelo pecador, com real esperança de
libertação do pecado. Eles podem agora optar por uma variedade chocante de
igrejas evangélicas gays! Usando e abusando da mesma “graça”, os recasados hoje
exigem o direito de ocupar todos os cargos de igreja.
Contudo, o que recasamento tem a ver com homossexualismo? Em 13 de março de
2008, um homossexual me escreveu perguntando o motivo por que os evangélicos
reprovam tanto o homossexualismo, mas negligenciam o recasamento de divorciados.
Ele menciona o fato de que a mesma Bíblia que condena o homossexualismo também
condena o recasamento de divorciados. Ele disse:
“Por favor, não leve este email como um despeito. Li o teu artigo e me
interessei muito. Não sou nenhum ativista gay. Tampouco defendo a classe gay,
porque acho a classe muita pervertida. Sou homossexual… mas por que vocês pregam
que o homossexualismo é uma vergonha e uma afronta a Deus? Para isso, vocês usam
apenas dois ou três versículos que nos condenam, sendo que muitos versículos
tanto no Novo quanto no Velho Testamento (que falam acerca do casamento) dizem
que a mulher e o homem casados que se separarem é melhor ficarem separados. E
isso hoje não acontece. Cada vez mais igrejas católicas e evangélicas aceitam
membros que não seguem essa norma, e até dão benção a casais formados por
pessoas separadas. Isso também não seria um grande afronta a Deus? Eles não
estão seguindo a Bíblia”.
O homossexual percebeu uma incoerência nas atitudes evangélicas. Por exemplo, se
os homossexuais não podem se casar nem se tornar pastores, então por que os
divorciados podem? Evidentemente, os evangélicos estão abraçando um pecado e
desprezando outro de modo assombroso.
Aliás, está se tornando difícil, no meio evangélico, tratar o divórcio e o
recasamento como pecado. Um pastor, amigo meu, me contou que teve oportunidade
de se dirigir a um grande encontro nacional de pastores, onde ele tocou no
assunto sério do divórcio e recasamento e de como Deus odeia esse pecado. Ao
sair do evento, ele precisou ser protegido e escoltado por seguranças até o
aeroporto, por causa da fúria dos pastores divorciados e recasados.
Chegamos ao ponto em que podemos apanhar de alguns evangélicos se ousarmos dizer
a verdade bíblica sobre o divórcio e o recasamento. O mesmo destino ocorrerá na
questão homossexual? O Estado já está nos ameaçando de perseguição se dissermos
que o homossexualismo é pecado. (Apedrejamento ou linchamento aos
“homofóbicos”!) É de se temer que possa chegar o dia em que poderemos apanhar de
alguns evangélicos se mencionarmos que a Bíblia condena a sodomia.
Na igreja dos apóstolos de Jesus, divorciados recasados e homossexuais não
seriam aprovados nem para ser diáconos. Mas hoje é diferente. Talvez, com seu
Evangelho puro e radical, os 12 apóstolos é que seriam destituídos ou isolados
no mundo evangélico por violarem os “direitos humanos” dos que ambicionam
posições de liderança sem terem as qualificações bíblicas necessárias. Eles
sofreriam penalidades se não se prostrassem diante da religião politicamente
correta e universal da tolerância, diversidade e pluralismo, onde o que vale é
respeitar uma variedade de modas, idéias e até sentimentos humanos.
Vale tudo numa época em que os shopping centers espirituais oferecem tudo. Sua
igreja está em pecado grave? Você pode sair dela e achar uma igreja melhor. Mas
se você mesmo está em pecado sério e não se importa com disciplina bíblica, você
tem a opção de escolher um monte de igrejas que aceitarão você com seu pecado.
Ali, provavelmente você poderá chegar a ser pastor, bispo, etc. Nas
igrejas-shoppings, as oportunidades e ofertas são inúmeras.
A distância espiritual entre a igreja de hoje e a igreja dos apóstolos é imensa.
Há igrejas para tudo e para todos. E como no menu não pode faltar nada, há agora
evangélicos nudistas que “adoram” a Deus, se reunindo em praias de nudismo para
praticar sua “adoração”. É a “igreja” dos peladões. É a teologia da
“prosperidade” sensual. Com a invasão e pressão de teorias psicológicas nas
igrejas, era impossível que os membros conseguissem ficar por muito tempo sem
sofrer suas conseqüências. Na psicologia, mesmo entre evangélicos, verdades
bíblicas quanto à sexualidade e homossexualidade se tornam conceitos polêmicos e
abertos a várias interpretações.
Na questão da nudez, a polêmica se torna pior. Mesmo alguns pastores formados ou
deformados em psicologia, que conheci pessoalmente, não viam absolutamente nada
de errado na nudez no meio da família. Isto é, pais podem livremente andar na
moda de Adão e Eva com seus filhos pré-adolescentes e adolescentes dentro de
casa. Tudo com respaldo psicológico. Na visão deles, a psicologia serve para
preencher alegadas lacunas da Bíblia. Daí, se a Bíblia é silenciosa numa questão
que a psicologia aprova, BINGO! Pode ir em frente!
Ou então, se a verdade da Bíblia se encontra no Antigo Testamento, a psicologia
se torna uma ferramenta infalível e quase divina para superar as “falhas” dos
patriarcas e profetas.
Portanto, os evangélicos nudistas, que até freqüentam praias do Brasil onde se
reúnem para “adorar” a Deus, têm vários argumentos psicológicos para defender
sua opção de nudez em nome de Adão e Eva. Resta às crianças criadas em tais
ambientes uma perspectiva de vida de abusos, principalmente na área sexual.
Quanto aos adultos, é impossível que homens que vivem em nudez, em praias de
nudismo ou em seus próprios lares, não sejam influenciados pela visão do corpo
nu mais jovem e atraente de suas filhas pré-adolescentes ou mesmo adolescentes.
Embora não abusem das próprias filhas, eles podem se tornar mais atraídos a
adolescentes do que às suas próprias esposas não tão jovens.
Meninas, embora escapem de abusos dos próprios pais, podem se tornar presas mais
fáceis de outros homens. Não são poucos os casos de rapazes e moças sexualmente
desencaminhados pela presença, em sua infância e pré-adolescência, de
pornografia e nudez em lares evangélicos.
Aos nudistas que não se contentam apenas com a nudez conjugal, um alerta da
Palavra de Deus:
“Nenhum homem se chegará a qualquer parenta da sua carne, para descobrir a sua
nudez. Eu sou o SENHOR. Não descobrirás a nudez de teu pai e de tua mãe: ela é
tua mãe; não descobrirás a sua nudez. Não descobrirás a nudez da mulher de teu
pai; é nudez de teu pai. A nudez da tua irmã, filha de teu pai, ou filha de tua
mãe, nascida em casa, ou fora de casa, a sua nudez não descobrirás. A nudez da
filha do teu filho, ou da filha de tua filha, a sua nudez não descobrirás;
porque é tua nudez. A nudez da filha da mulher de teu pai, gerada de teu pai
(ela é tua irmã), a sua nudez não descobrirás. A nudez da irmã de teu pai não
descobrirás; ela é parenta de teu pai. A nudez da irmã de tua mãe não
descobrirás; pois ela é parenta de tua mãe. A nudez do irmão de teu pai não
descobrirás; não te chegarás à sua mulher; ela é tua tia. A nudez de tua nora
não descobrirás: ela é mulher de teu filho; não descobrirás a sua nudez. A nudez
da mulher de teu irmão não descobrirás; é a nudez de teu irmão”. (Levítico
18:6-16 ACF)
Essa passagem é geralmente interpretada como se referindo a relações sexuais. A
interpretação mais provável é que a nudez liberal e fora dos limites conjugais
leva ao risco de envolvimento sexual não conjugal — uma possibilidade que
ninguém pode refutar.
É saudável e prazeroso marido e esposa estarem nus em sua intimidade. Mas que
tipo de prazer há em estender essa intimidade a outros membros da família e até
mesmo estranhos? Que tipo de prazer há em ficar contemplando a nudez dos outros?
Mesmo assim, há evangélicos que praticam o nudismo. Se há evangélicos
homossexuais e comunistas, por que não também evangélicos nudistas?
A Igreja Universal do Reino deste Mundo (IURMU) parece não ter nudismo no seu
cardápio, mas oferece prosperidade e até aborto “biblicamente” justificado. Em
troca, deixa muitos clientes religiosos praticamente só com a roupa do corpo e
os bolsos totalmente vazios, de tanta sugança de dízimos e ofertas. Mas se a
IURMU exigir mais, os clientes provavelmente entregarão as próprias roupas no
altar das ofertas, engrossando assim a fileiras dos “nudistas” de Bíblia na mão.
É uma teologia de prosperidade que beneficia pastores e bispos gananciosos e
deixa as ovelhas peladas. A semelhança entre essa nudez forçada e o nudismo
voluntário de alguns evangélicos é mera coincidência!
Aos que sentem nojo das perversões entre os evangélicos, há um famoso “pastor”
ex-evangélico que lançou um novo cardápio com diferentes opções para todos os
evangélicos que estão desapontados com o mundo evangélico. Ele oferece o Caminho
da [Des]Graça. Ele é um perfeito exemplo, conseqüência e produto da moderna
diversidade evangélica, tendo adulterado, se divorciado, recasado e recentemente
defendido posições de ambientalismo radical, esquerdismo, aborto, divórcio e
homossexualismo, além de ser admirador do profeta AlGorento. Ele tem a liberdade
de fazer cada uma dessas escolhas, pois o mercado evangélico e espiritual no
Brasil é muito amplo e permite que todos os tipos de gurus façam sucesso do
jeito que quiserem.
Antes de sua queda como o papa dos evangélicos no Brasil, ele havia, na promoção
da sua autobiografia “Confissões de um Pastor”, prometido se desnudar. Não, ele
não adotou — até onde sei — o conceito de nudismo, embora ele seja um grande
amante e aplicante da psicologia. (Ele precisa, pois só a psicologia para lhe
aliviar o coração onde ele não deixa o Espírito de Deus trabalhar.)
No entanto, sua autobiografia não desnudou quase nada. O desnudamento verdadeiro
veio em seguida, com os escândalos financeiros e sexuais que o tragaram. Perto
de sua contraditória realidade de vida, sua autobiografia mais parece uma
“Confissões de um Perfil Fake” de Orkut. Hoje, ele sabe “explicar” questões de
divórcio, recasamento e homossexualismo com muita “graça”, atraindo um grande
público de consumidores religiosos com seu divã macio e espiritualmente exótico,
mas sem nenhuma nudez de suas reais intenções.
Se Freud nunca tivesse existido, a glória da psicologia estaria hoje garantida
ao desnudado ex-papa dos evangélicos. Poucos, além de Freud e do ex-evangélico,
se arrogam a pretensão de verem e conhecerem tão bem a nudez da alma humana.
Então, se você não está interessado no “diversificado” menu evangélico para
satisfazer seus gostos, você agora tem a chance de escolher o menu de um
ex-evangélico! Desse jeito, você tem mais opções para viver estilos de vida
esquisitos amparado por interpretações bíblicas totalmente inovadoras feitas por
grandes evangélicos ou ex-evangélicos.
Se você está desapontado com os evangélicos, não evangélicos e ex-evangélicos, a
solução real é ficar totalmente nu. Mas não diante dos grandes homens e suas vãs
filosofias.
O homem que ama e respeita a Deus sabe que a nudez é necessária. Mas não a nudez
da carne, que leva ao pecado. A nudez necessária é se humilhar diante de Deus,
mostrando a ele tudo o que somos e fazemos, e deixando-o assumir total controle,
de acordo com a própria Palavra dEle, nos próprios termos dEle. Nessa nudez, é
bom se reunir com outros crentes para adorar. Nessa nudez, é bom estar com a
família, diante dos filhos e das filhas, para buscar a Deus.
Não sendo para finalidade conjugal, não temos o direito à nudez física com
outros. Nossa responsabilidade é procurar, tanto física quanto espiritualmente,
roupas.
A nudez da carne é sustentada pela psicologia, cujo autor é um viciado em drogas
e ateu arrogante. Muitos são seus adeptos, entre evangélicos, não evangélicos e
ex-evangélicos.
A nudez espiritual é sustentada pela Bíblia, cujo Autor é o Senhor Jesus. Poucos
são seus adeptos reais.
O nudismo entre evangélicos e o exagerado menu de ofertas espirituais das
igrejas-shoppings são um dos sintomas da “prosperidade” sensual expondo um
estado negativo, vergonhoso e deplorável de nudez espiritual. Na teologia da
prosperidade sensual, os adeptos se tornam nudistas por opção. Na teologia da
prosperidade material, os adeptos podem se tornar “nudistas” por sobrecarga de
dízimos e ofertas. As palavras de Jesus se aplicam igualmente aos defensores de
ambas as teologias:
“Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes
que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu”. (Apocalipse 3:17 ACF)

Aqueles que escolhem não se humilhar e se desnudar diante do Senhor serão por
ele desnudados e humilhados em seus próprios pecados.
Aqueles que escolhem se humilhar e se desnudar diante do Senhor serão honrados e
vestidos por ele em “vestes de justiça”.
Aos evangélicos nudistas (em casa ou em praias de nudismo), é tempo de
arrependimento e de se desnudar diante de Deus. Aos ex-evangélicos que condenam
os evangélicos sem nunca olharem sua própria nudez espiritual no espelho da
Palavra, é tempo de arrependimento e de se desnudar diante de Deus.
“E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes todas as coisas estão
nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar”. (Hebreus 4:13 ACF)
“Eis que venho como ladrão. Bem-aventurado aquele que vigia, e guarda as suas
roupas, para que não ande nu, e não se vejam as suas vergonhas”. (Apocalipse
16:15 ACF)
A verdade é que todos nós somos chamados à nudez. Só o que precisamos fazer é
escolher a nudez certa para nós e nossas famílias — a nudez de um coração
sincero derramado na presença de Deus, inteiramente aberto para ser transformado
e receber as “vestes de justiça”.