21/08/2008

Tentações, Quando a Carne e Satanás conspiram juntamente



Há poucos dias atrás sofri um revés em minha luta contra o mal. Um infortúnio,
um insucesso. Confesso que me desesperei, cheguei a desejar morrer. Porém, orei
ao Senhor Deus, e do céu me estendeu ele a sua mão. De sorte que após ter
sobrevivido, escrevo este artigo com o propósito de, em nome do Senhor Jesus
Cristo, golpear a Satanás. Neste texto procurarei discorrer sobre a operação das
tentações, sobre nossas vulnerabilidades e sobre a absoluta dependência que
temos de Deus. Se irmãos em Cristo se beneficiarem deste artigo, então terá sido
o diabo quem sofreu um revés desta vez.

Satanás é mentiroso e não tem nada a oferecer a ninguém

Satanás é um espírito imundo, um anjo caído. É invisível aos olhos humanos,
todavia sua presença desagradável pode ser percebida em determinadas ocasiões
específicas, principalmente quando sentimentos de ódio, angústia, pavor, terror
e desespero nos cercam, indicando que uma presença negativa e inquieta se nos
avizinha. A presença de Satanás e dos demônios também pode ser percebida quando
intensos sentimentos de suicídio surgem de repente. E ainda quando sentimos que
estamos sendo atacados por pensamentos pecaminosos insistentes, especialmente se
as circunstâncias que nos rodeiam forem propícias ao cometimento de algum
pecado. Isto é assim pois Satanás é um ser sem sossego algum, não tem paz, não
possui tranqüilidade, mas experimenta uma horrenda expectativa de castigo eterno
que sabe lhe sobrevirá em breve. A seguir cito dois trechos bíblicos que mostram
como os diabos têm ciência de que sofrerão tormento eterno.
“Tendo ele chegado à outra margem, à terra dos gadarenos, vieram-lhe ao encontro
dois endemoninhados, saindo dentre os sepulcros, e a tal ponto furiosos, que
ninguém podia passar por aquele caminho. E eis que gritaram: Que temos nós
contigo, ó Filho de Deus! Vieste aqui atormentar-nos antes de tempo?” Mateus
8:28,29
“Por isso, festejai, ó céus, e vós, os que neles habitais. Ai da terra e do mar,
pois o diabo desceu até vós, cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe
resta.” Apocalipse 12:12
Existem letras de músicas, filmes, poemas e outras expressões artísticas através
das quais Satanás se expressa, ora apresentando lamúrias, ora procurando sugerir
que Deus foi injusto ao condená-lo. Como ele próprio não possui um corpo
material, seu modo de ação se manifesta basicamente através das tentações que
lança sobre as pessoas, de influência mental, ou através das mãos e das bocas de
homens e de mulheres possessos.
Vejam, por exemplo, estas duas partes de duas músicas conhecidas, a primeira de
John Bon Jovi, a segunda de Raul Seixas/Paulo Coelho:

“Well my eyes have seen the horror of the coming of the flood
I've driven deep the thorny crown into the soul of someone's son
Still I'll look you in the eye cause I've believed in things I've
thought and I'll die without regret for the wars I have fought”
(Bon Jovi)
“Meus olhos já viram o horror da chegada do dilúvio,
eu cravei fundo uma coroa de espinhos na alma do filho de alguém,
ainda assim eu te olharei nos olhos porque acreditei nas coisas que
pensei,
e eu morrerei sem remorso pelas guerras que lutei”
(Bon Jovi)
---Eu nasci há dez mil anos atrás e não tem nada nesse mundo que eu não
saiba demais
Eu vi Cristo ser crucificado
O amor nascer e ser assassinado
(Raul Seixas/Paulo Coelho)

Aqui algumas indagações:

1- Quem poderia ter dito que viu o dilúvio e que teria cravado uma coroa de
espinhos no filho de alguém?
2- Quem poderia ter dito que nasceu há dez mil anos atrás e que viu Cristo ser
crucificado?

Interessante notar que as respectivas frases são ditas na primeira pessoa: “Eu
cravei fundo...”; “Eu nasci há dez mil anos...”.
No trecho da letra de Bon Jovi há uma ousada asseveração de falta de remorso
mesclada com uma suposta convicção de estar certo de algo.
Seja lá o que o mentor destas palavras quis dizer, o fato é que Satanás não tem
nada a oferecer, não tem razão de nada e não está certo em coisa alguma. Foi
condenado justamente por Deus porque foi homicida desde o princípio, jamais se
firmou na verdade e é um mentiroso cínico, cruel, egoísta e atrevido.
“Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele
não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é
mentiroso e pai da mentira.” João 8:44
Sabendo que será condenado ao fogo eterno, nada lhe resta senão o ódio a Deus. E
procura vingar-se buscando de todos os modos possíveis destruir os seres
humanos, principalmente os cristãos, pois somos sobremaneira preciosos e
queridos aos olhos de Deus.
A atuação sobre a mente
Como já dito, Satanás não possui corpo físico, não é visível aos olhos humanos e
não é visto dobrando as esquinas. O modo como age é lançando palavras de
tentação que de algum modo são percebidas por nossas mentes. Este é um tópico de
difícil verbalização, pois embora a realidade das dimensões espirituais existam
de fato, não possuímos nem adjetivos e nem substantivos muito precisos a fim de
descrevermos o fenômeno pelo qual podemos ouvir as tentações de Satanás.
Todavia, basta-nos o que a Bíblia nos ensina.
“Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como
leão que ruge procurando alguém para devorar; resisti-lhe firmes na fé, certos
de que sofrimentos iguais aos vossos estão-se cumprindo na vossa irmandade
espalhada pelo mundo.” 1 Pedro 5:8,9
“Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está
pronto, mas a carne é fraca.” Marcos 14:38
“Entrar em tentação” é o ponto xis da questão. Este é o momento quando estamos,
de fato, correndo perigo. É o momento quando temos de resistir no limite de
nossas forças, quando a tentação já se mostra sedutora e ficamos a apenas um
passo de pecar. E lembrando que um só pecado pode ser capaz de arruinar
completamente a vida de alguém. Por isso o Senhor nos adverte a fim de que
vigiemos e oremos para que não entremos em tentação, ou seja, para que não
cheguemos a esse ponto de grande perigo. E um dos maiores problemas é que muitas
vezes nos tornamos estúpidos o suficiente para darmos oportunidade à tentação,
como veremos a seguir.
A exploração de nossas cobiças
“Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser
tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. Ao contrário, cada um é tentado
pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de
haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a
morte.” Tiago 1:13-15
Gostemos ou não de admitir, é fato que por vezes invejamos pessoas pervertidas e
corruptas quando estas estão com as mãos sobre algo que desejamos, mesmo sendo
pecado. E a Bíblia nos adverte sobre este tipo de situação.
“Não te indignes por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja dos que praticam a
iniqüidade. Pois eles dentro em breve definharão como a relva e murcharão como a
erva verde. Confia no SENHOR e faze o bem; habita na terra e alimenta-te da
verdade. Agrada-te do SENHOR, e ele satisfará os desejos do teu coração. Entrega
o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais ele fará.” Salmos 37:1-5
Se somos nascidos de novo, somos novas criaturas em Cristo, vivemos em novidade
de vida aguardando a nossa redenção que ocorrerá quando o Senhor Jesus voltar.
Porém, ainda habitamos corpos adoentados, enfermos pela carne contaminada pelo
pecado. E a mais desagradável manifestação desta enfermidade carnal se chama
concupiscência. Concupiscência é o desejo carnal incompatível com a vontade de
Deus e em desarmonia com nossas consciências que amam a Deus e que estão prontas
e dispostas a servi-lo. A concupiscência da carne é uma manifestação da natureza
caída do homem. E sobre isto escreveu o apóstolo Paulo.
“Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o
querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que
prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se eu faço o que não quero, já
não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim. Então, ao querer fazer
o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim. Porque, no tocante ao homem
interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo, nos meus membros, outra lei
que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado
que está nos meus membros. Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo
desta morte? Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de
mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei
do pecado.” Romanos 7:18-25
Evidentemente, sabemos, que não adianta culpar somente a carne e o diabo pelos
pecados que cometemos. E isto porque vivemos todos em um território de autonomia
do exercício da vontade que somente a nós pertence. Ou seja, ainda que haja esta
deformidade monstruosa em nossa carne, e ainda que Satanás saiba muito bem como
explorá-la, a decisão final é nossa. Se pecamos foi porque quisemos, e por isso
somos todos culpados pelos pecados que cometemos. E ninguém é tentado além do
que possa suportar, como está escrito:
“Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não
permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente
com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar.” 1
Coríntios 10: 13
O espírito deste artigo não é nem de juízo e nem de condenação, mas de exortação
a que nos tornemos todos sábios e prudentes a fim de fazermos a vontade de Deus,
livrando-nos assim de todas as nefastas conseqüências do pecado.
Particularmente, me assusta a responsabilidade que temos para com nós mesmos,
pois pecar está a apenas alguns poucos momentos de distância até que a tragédia
ocorra. Mas graças a Deus, o Senhor é mui misericordioso, sábio e benevolente,
atentando a todo o tempo para o fato de sermos pó.
“O SENHOR é misericordioso e compassivo; longânimo e assaz benigno. Não
repreende perpetuamente, nem conserva para sempre a sua ira. Não nos trata
segundo os nossos pecados, nem nos retribui consoante as nossas iniqüidades.
Pois quanto o céu se alteia acima da terra, assim é grande a sua misericórdia
para com os que o temem. Quanto dista o Oriente do Ocidente, assim afasta de nós
as nossas transgressões. Como um pai se compadece de seus filhos, assim o SENHOR
se compadece dos que o temem. Pois ele conhece a nossa estrutura e sabe que
somos pó.” Salmos 103:8-14
Quem com porcos se mistura, farelo come
Possuímos aptidões mentais naturais das quais somos dependentes para viver. Por
exemplo: o juízo crítico e o juízo de realidade. É através destes processos
mentais que julgamos o perigo de determinada situação, por exemplo, ou
percebemos a segurança de outras. E qualquer situação, ou combinação delas, que
possa vir a obnubilar ou obscurecer nosso juízo crítico pode se tornar uma
situação de grande perigo. Exemplos disso são os efeitos de substâncias
psicoativas sobre nossos cérebros e a influência nefasta que determinadas
pessoas, ou grupos, podem exercer sobre nós, caso o permitamos.
Aqui se destaca o efeito do álcool e de outras drogas sobre o cérebro. Nossos
processos mentais estão na dependência do funcionamento fisiológico normal de
nossos cérebros. Se alguma substância psicoativa (que age sobre a psyque =
mente) nos furta a capacidade de juízo correto e coerente, então o risco para o
pecado se torna bem maior. E a Bíblia nos fala sobre isto.
“A sensualidade, o vinho e o mosto tiram o entendimento.” Oséias 4:11
Sendo assim, uma das táticas mais utilizadas pelo diabo a fim de procurar nos
fazer pecar é nos incitando a ingerir bebidas alcoólicas, preferencialmente as
de teor alcoólico elevado, pois seus efeitos deletérios sobre o cérebro (e
consequentemente sobre a capacidade de julgar) são mais rápidos e potentes. E é
através da tentação direta sobre nossas mentes ou através de indivíduos sob seu
controle que Satanás age procurando meios e modos de obscurecer nosso juízo
crítico a fim de que nos tornemos mentalmente mais frágeis e caiamos em
equívocos de juízo crítico, em erros ou lentidão de raciocínio, e no pecado.
Aliás, diga-se, muita vigilância e oração são necessários, pois este mundo
apodrecido é terreno fértil para a proliferação de oportunidades para o mal. É
igualmente importante e prudente que rapidamente detectemos que tipo de pessoas
nos está a acompanhar pelo caminho, pois não são poucos os que com conversas
escorregadias e sagazes militam por nos arrastar juntamente com eles para o mal.
Seja de modo consciente ou inconsciente.
“Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no
caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes, o seu
prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite.” Salmos
1:1,2
O Sadismo do diabo também é uma arma perigosa
Lembro-me que quando criança, ao entrar em uma garagem de estacionamento não
percebi que uma das portas levadiças não estava completamente suspensa, estando
à altura de minha cabeça. Choquei-me contra a borda inferior da tal porta sendo
ferido na testa e experimentando grande dor. Perto de mim estava um vizinho que
dava gargalhadas diante da minha falha de cálculo e diante da minha dor. O
indivíduo gargalhava sadicamente e relembrava a todo instante o acidente do qual
fui acometido, incitando em mim sentimentos de ira e de indignação. E é assim
também que Satanás age.
Como já dito, nada resta ao diabo senão ódio e desejo de destruição. E se,
porventura, ele é bem sucedido em nos fazer tropeçar, procurará explorar ao
máximo nossa queda, não apenas pelo prazer sádico de nos ver sofrer, mas
principalmente a fim de tentar nos fazer ficar revoltados contra Deus,
culpando-o, murmurando e até blasfemando, como se Deus fosse o culpado pelos
nossos erros e pelas consequências destes últimos.
Esta tática pode ser muito mais perigosa do que possa parecer à primeira
análise. Primeiro, porque em situações de descontrole emocional ficamos ainda
mais vulneráveis ao pecado, e segundo porque podemos ser tentados a cometer o
mesmo pecado outra vez, como quem diz: “já me dei mal mesmo, que importa?”. E a
situação pode se agravar ainda mais caso não vigiemos e permitamos que nossos
corações experimentem sentimentos de amargura em relação ao Senhor Deus.
Todavia, precisamos ter sempre em nossas mentes e em nossos corações que se há
alguém que incessantemente busque o nosso bem e a nossa segurança, esse alguém é
Deus. E se porventura Deus deixa de intervir na hora em que estamos para pecar,
impedindo-nos de pecar, isto é evidência da liberdade que ele nos concede.
Embora pela sua muita misericórdia Deus muitas vezes intervenha em nosso favor a
fim de nos guardar do pecado. E isto ele tanto mais fará quanto maior for a
nossa submissão e o nosso amor a ele, algo que pode ser expresso de diversos
modos, principalmente pelos nossos atos de justiça e pelas nossas orações em
sincera adoração ao Senhor. Se sofremos consequências nefastas por causa de
nossos pecados, sejamos então honestos, sinceros e humildes, buscando o perdão e
as consolações de Deus, pois está escrito:

“E aconteceu que, ao se completarem os dias em que devia ele ser assunto ao céu,
manifestou, no semblante, a intrépida resolução de ir para Jerusalém e enviou
mensageiros que o antecedessem. Indo eles, entraram numa aldeia de samaritanos
para lhe preparar pousada. Mas não o receberam, porque o aspecto dele era de
quem, decisivamente, ia para Jerusalém. Vendo isto, os discípulos Tiago e João
perguntaram: Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para os consumir?
Jesus, porém, voltando-se os repreendeu e disse: Vós não sabeis de que espírito
sois. Pois o Filho do Homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para
salvá-las. E seguiram para outra aldeia.” Lucas 9:51-56
E aqui dou meu testemunho pessoal agradecendo a Deus pelos incontáveis
livramentos que me tem dado. Agradeço-o, ainda, porque Deus nunca jamais me
voltou as costas, mesmo quando apresentei comportamentos rebeldes e
desagradáveis a ele. Deus tem cumprido plenamente em minha vida o que está
escrito:

“Vinde, pois, e arrazoemos, diz o SENHOR; ainda que os vossos pecados sejam como
a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos
como o carmesim, se tornarão como a lã.” Isaías 1:18
E na tradução da Bíblia na linguagem de hoje:
“O SENHOR Deus diz: “Venham cá, vamos discutir este assunto. Os seus pecados os
deixaram manchados de vermelho, manchados de vermelho escuro; mas eu os lavarei,
e vocês ficarão brancos como a neve, brancos como a lã.” Isaías 1:18
Em minha opinião, este é um dos trechos bíblicos mais comoventes de toda a
Escritura, pois trata-se de um convite da parte de Deus a fim de que resolvamos
com ele todo e qualquer problema com relação aos nossos malditos pecados. Deus
nos oferece perdão, oportunidade de diálogo, amizade e amor. É uma evidência
incontestável e definitiva de que Deus não é um tirano.
Os ganhos do pecado
Em linguagem psicoterapêutica é comum utilizarmos o termo ganho a fim de denotar
alguma forma de lucro obtido por um comportamento levado a cabo. Existem ganhos
lícitos e ganhos ilícitos. Se eu trabalho algumas horas extras durante a semana,
por exemplo, e ao final da mesma obtenho um aumento percentual de meus
vencimentos, trata-se de um ganho lícito. Porém, se eu realizo chamadas
internacionais de um telefone que pertença a outra pessoa, e nada lhe informo,
obtenho um ganho ilícito.
Satanás procura, mentindo, nos fazer acreditar que todos os ganhos do pecado são
vantajosos, quando na verdade não há vantagem alguma em se tratando de pecado,
seja ele qual for. O problema é que, dependendo de nossa escala de valores,
corremos o risco de interpretar os frutos de algum pecado como sendo algo
vantajoso. Vou dar um exemplo bem corriqueiro.
Se eu sou fiel à minha esposa e convivo com homens infiéis, os quais se gabam de
se deitar com diversas mulheres, mesmo sendo casados, e eu passo a invejá-los
por tais pecados, então minha interpretação dos fatos está adoecida. Ainda que
possa haver prazeres em jogo, o somatório final será tristeza, consciência
pesada, angústia, ou coisa pior. Isto faz com que esteja em grande realce a
necessidade que temos de olhar as coisas sob a perspectiva bíblica, ou seja, sob
o olhar de Deus, pois aquilo o que Deus condena, certamente que não é o melhor
para nós.
Ainda assim, em muitas ocasiões corremos o risco de, mesmo sabendo que aquilo
não nos será o melhor, desejarmos cometer este ou aquele pecado específico
visualizando a suposta vantagem, ou o tal ganho. Se este for o caso, não nos
resta outra escolha senão a dor da crucificação da carne, ou seja, a perda por
amor a Cristo.
“Pela fé, Moisés, quando já homem feito, recusou ser chamado filho da filha de
Faraó, preferindo ser maltratado junto com o povo de Deus a usufruir prazeres
transitórios do pecado; porquanto considerou o opróbrio de Cristo por maiores
riquezas do que os tesouros do Egito, porque contemplava o galardão.” Hebreus
11:24-26
“Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo
se negue, tome a sua cruz e siga-me.” Mateus 16:24
Esta atitude para com o pecado necessita acontecer de modo automático em nossos
corações e mentes, de sorte que mesmo diante de supostas vantagens, ou como diz
a Bíblia, prazeres transitórios do pecado, optemos prontamente pela vontade de
Deus, rejeitando o pecado. E penso que, para alguns, esta habilidade tática na
guerra contra o pecado só é aperfeiçoada após experimentarmos dolorosas
derrotas, o que não é uma regra geral.
Na verdade, o que necessitamos é orar, suplicar pelo poder de Deus e pela sua
misericórdia, conhecendo as Escrituras e perseverando até o último suspiro, até
que sejamos levados pelo Senhor para habitarmos no dia eterno, onde não há
corrupção.
Confesso que já experimentei derrotas em minha caminhada, tendo cometido
pecados, não sem ter sofrido horrivelmente após minha desobediência. Porém, não
desisto de buscar fazer a vontade de Deus. Não aceito as argumentações
mentirosas de Satanás e não me renderei, pois o Senhor é a minha força!
Tenho aprendido que seja qual for o ganho do pecado, nada pode ser comparado à
paz dada por Cristo, derramada em uma consciência tranqüila, ou seja, a de estar
do lado de Deus e sendo totalmente aberto e sincero para com ele.
Sou um homem cristão, falho por ser um homem, não por ser um cristão. Mas graças
a Deus, possuo em meu coração e diante dos meus olhos o modelo perfeito a seguir
e a imitar. E este modelo é Cristo. E peço a Deus que me conceda forças para
continuar lutando contra o pecado, ânimo para poder compartilhar com meus irmãos
alegrias e sabedoria, pois somos membros de um só corpo, e possuímos sobre nós a
Lei de Cristo.
“Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei,
que também vos ameis uns aos outros.” João 13:34
E é pelo amor que tenho ao que é de Cristo que, me eviscerando publicamente,
digo que persevero, e exorto a quantos possa a que também perseverem, a fim de
que Cristo seja glorificado em nossas vidas e que Satanás não obtenha vantagem
alguma sobre nós.
“Tu, ó homem, que condenas os que praticam tais coisas e fazes as mesmas, pensas
que te livrarás do juízo de Deus? Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e
tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao
arrependimento?
Mas, segundo a tua dureza e coração impenitente, acumulas contra ti mesmo ira
para o dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus, que retribuirá a cada
um segundo o seu procedimento: a vida eterna aos que, perseverando em fazer o
bem, procuram glória, honra e incorruptibilidade; mas ira e indignação aos
facciosos, que desobedecem à verdade e obedecem à injustiça. Tribulação e
angústia virão sobre a alma de qualquer homem que faz o mal, ao judeu primeiro e
também ao grego; glória, porém, e honra, e paz a todo aquele que pratica o bem,
ao judeu primeiro e também ao grego. Porque para com Deus não há acepção de
pessoas.” Romanos 2:3-11