“E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a
minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e
perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra.”
II Crônicas 7:14
O chamado bíblico para todos os homens, em todos os tempos, é um só, e é nada
mais ou nada menos que o texto acima. É um chamado radical, não é condicional,
não há exceções e não há alternativas. O homem pode procurar outros caminhos,
mas invariavelmente só encontrará o engano, e tudo que o engano produz é o
próprio engano.
Ficamos cada vez mais perplexos com a influência que a psicologia exerce sobre a
igreja. Nossas músicas, pregações, literaturas, atividades etc. estão voltadas
para camuflar e adocicar as exigências bíblicas. Oferecemos ao homem um caminho
mais harmonioso com suas expectativas. Perdemos a coragem de dizer: “Assim diz o
Senhor”. Os homens enveredam por esta trajetória fatal e vão se decepcionar lá
na frente, quando percebem que estão tentando construir algo sob o fundamento
errado.
O que a “psicologia cristã” faria com o jovem rico (Mc. 10:17-27)? Paira sobre
muitos a mesma interrogação dos apóstolos: “Quem poderá então salvar-se?” E
muitos, intencionalmente ou não, devem ter divergências com a atitude de Jesus.
Se isto parece assombrar o leitor, veja a prática de muitos pastores... Difere
tanto da prática de Jesus. A igreja transformou-se em congregação de
interessados, nos mais variados graus, sendo quase proibido dizer a verdade
pura, sob pena de sermos rotulados como radicais sem misericórdia. E então os
homens entram com a psicologia, e assim muitos ficam longos anos nas fileiras
cristãs, embalados por acalentadores de almas e tragicamente mortos
espiritualmente. Segundo observa Tozer:
"A Bíblia persuade as pessoas a mudarem os seus caminhos e por sua vida em
harmonia com a vontade de Deus como está exposta em suas páginas. Ninguém fica
melhor por conhecer a verdade. A verdade teológica é inútil enquanto não é
obedecida. Expor a Bíblia sem fazer aplicação não provoca oposição nenhuma. É só
quando o ouvinte é levado a compreender que a verdade está em conflito com seu
coração que a resistência começa. Enquanto as pessoas puderem ouvir a verdade
divorciada de sua prática de vida, freqüentarão e sustentarão igrejas sem
objeções."
Não temos um acordo para negociar com os homens, mas temos um ultimato, e isto é
sério, pois está em jogo a eternidade dos homens. Não podemos falar o que nossos
ouvintes achem mais atrativo e sim o que Deus tem a dizer. Não podemos nos
revestir de dotes de psicologia para não maltratar o ego dos homens. Não podemos
acariciar suas almas e dar-lhes conselhos, mesmo que catemos textos isolados na
Bíblia para respaldar nossa falação.
A palavra de Deus é direta, simples, absoluta, inquestionável, é a expressão da
vontade divina, é a “lâmpada para nossos pés e luz para nosso caminho” (Sl.
119:105). E ela chama o homem a uma atitude severa de quebrantamento, não
importando em que situação e contexto ele esteja. Como anotou o irmão Watchman
Nee: “Se a cruz não puder abalar uma pessoa, nada irá abalá-la, pois não há
exigência maior do que a cruz".
O ministério de Jesus foi dotado de uma simplicidade extrema: ao homem perdido e
desejoso de salvação, Ele usava de toda misericórdia e compaixão, mas ao homem
duro e hipócrita, Ele proferia o juízo... e muitos destes foram ganhos, pois a
palavra de juízo também é fruto da misericórdia divina. Veja o caso de Nicodemos
(João 3), um mestre da lei e príncipe, mas não encontrou em Jesus um homem
pronto a respeitar sua trágica condição espiritual... E Jesus disse que ele
precisava nascer de novo para ver o Reino de Deus e foi mais adiante e
questionou: “você é mestre em Israel e não sabe disto?”. Tudo indica que este
homem, chamado de cego espiritual, entendeu isto e salvou-se. Mas, na nossa
moderna prática, o que faríamos?! Deixaríamo-lo circulando no meio da
congregação e com o tempo ainda diríamos: “Veja como ele melhorou”. E no pior
quadro, ele estaria na posição de mestre, sem ter passado pelo novo nascimento.
Precisamos rever nossas práticas e nos alinhar com a Palavra de Deus. Rejeitemos
tudo que vem preparado para acariciar a alma dos homens, mesmo que esteja
misturado com alguma verdade. A Palavra de Deus é a espada do Espírito e ela é
suficiente e única.